domingo, 26 de junho de 2011

Um Destino que não era o meu... (Conto)

Isaias sempre foi um rapaz sonhador. A todos deixava evidente seu amor por Luciana, acreditava piamente que jamais amaria alguém se esse alguém não fosse ela.Todavia Isaias era um rapaz de poucos recursos, e se julgava um homem incompleto, não queria que Luciana o visse daquela maneira, por isso investiu alto para vir a capital, a fim de poder voltar depois a sua terra e ao seu amor de origem, visando uma melhor qualificação profissional, em outras palavras: Isaias queria voltar com um nome.

     Após anos de árduos sacrifícios profissionais Isaias retornou a sua terra natal, agora não era somente Isaias e sim Isaias Batista, um advogado respeitado e dono de uma concessionária de automóveis, que apesar de ser muito assediado por belas mulheres, jamais esqueceu seu antigo amor. 

      Isaias Batista chegou radiante de alegria, fez toda a viagem sonhando com aquele reencontro, entretanto seus planos foram precipitados por uma inconseqüência do destino... Luciana agora não seria mais sua pretendida; agora Luciana era noiva de seu tão estimado antigo amigo Ramerson. Isaias jazia
inconformado com aquela situação, como era possível tal disparate? Tanto lutou para ser quem agora era, sempre visando ser um marido a altura da beleza e da perfeição de Luciana, porem ela escolhia um qualquer, sendo que este qualquer era, ou seria, seu melhor amigo, que acima de tudo ainda era um reles funcionário público...  aquilo era um ultraje.

        Isaias ainda tentou conversar com Luciana, esta, porem, lhe disse que nada poderia fazer e que o destino e a solidão deram conta de lhe tecer este novo e aventureiro futuro e agora somente a morte a separaria de seu amado Ramerson.Isaias saiu da presença de Luciana inconformado, naquele momento ele era o mais desafortunado dos homens, estava fadado a ser infeliz pelo resto de seus dias, tanto pela solidão, quanto pela lembrança da traição das duas pessoas que ele mais prezou.

        Atirou-se ao sofá, sua cabeça latejava de raiva e indignação, jamais imaginaria algo tão absurdo. Aquele era o fim de todos os seus sonhos e plan... Neste momento uma frase dita por Luciana lhe veio em mente: somente a morte a separaria de seu amado Ramerson... “morte” conseqüência natural do ciclo da vida, porem poderia ser antecipada. Isaias assustou-se com seus próprios pensamentos, não acreditou que chegaria a tal ponto... precisava relaxar. Preparou uma dose dupla de Uísque, acendeu um cigarro e após uma profunda tragada começou a refletir melhor sobre seu soturno pensamento. A idéia apesar de desesperada, agora, não lhe parecia tão nefasta, e apesar de ser um ato diabólico, nada mais era do que um ato de justiça, já que Ramerson mesmo sabendo do seu amor por Luciana, ainda assim envolveu-se com ela. Naquela noite Isaias secou meia garrafa de Uísque e ocultou parte seu coração.

         Duas semanas após aquela noite, a semente do ódio germinou uma idéia maligna na mente Isaias e agora ele iria expor a árvore de sua ira. Isaias abordou Ramerson numa rua deserta e o levou a uma área afastada da cidade, lá concretizaria seu plano. Com a arma em punhos, pediu ao velho amigo que saísse do veiculo e se ajoelhasse; Ramerson como não tinha escolha obedeceu... Isaias engatilhou a arma e Ramerson suplicante: 
- Isaias... so... somos amigos, irmão... v-v-você não precisa fazer isto... Me perdoa.
Mas Isaias friamente respondeu:
- Aquele que não respeita minhas escolhas não merece meu perdão.
Neste momento Ramerson virou-se e olhou nos olhos de Isaias, este, porem desferiu-lhe um tiro na testa.

        O crime foi praticamente perfeito, já que o culpado jamais foi identificado e as evidencias do crime foram insuficientes. Isaias prontificou-se em consolar a jovem viúva, e apesar de muitos desconfiarem da participação dele no caso, nada ficou provado...
Anos depois, após a tragédia, o caso já havia caído em total esquecimento. Isaias e Luciana casaram-se e tiveram um filho e aparentemente eram uma família normal, exceto por Fábio o filho do casal... Fábio era um rapaz problemático e aos dezessete anos mergulhou no mundo das drogas. Isaias e Fábio nunca tiveram uma vida tranqüila, mas aturavam-se mutuamente. 

       Certa noite Fábio discutia ferozmente com a mãe e o pai resolveu intervir. Fábio que aparentemente estava sob os efeitos de alguma droga logo partiu para cima do pai, a mãe tentou segura-lo, mas foi violentamente empurrada, batendo fortemente a cabeça contra a parede e logo em seguida desmaiou.
Isaias ainda tentou  a esmo conter o filho, este porem puxou do bolso da calça um punhal e com os olhos flamejantes de fúria ameaçou o próprio pai. Isaias assustado tentava conter a ira do jovem:
- Como podes ameaçar seu próprio pai?
Fábio com o olhar mergulhado nos olhos do pai respondeu:
- Desculpa Isaias, mas quem não respeita minhas escolhas não merece meu perdão.

     Isaias sentiu um frio percorrer-lhe a nuca ao ouvir tais palavras, mas o que o fez trepidar foi, quando olhou no fundo dos olhos do próprio filho, naquele olhar enfurecido e ver revelada a imagem do próprio amigo... Podia ver não só sua ira, mas o próprio Fábio ali vivo, na forma de seu filho, se existia reencarnação, aquela era sua maldição.
Fábio matou o próprio pai naquela noite...

     Aquele foi um dos casos mais divulgados na imprensa, o que gerou uma forte indignação nas pessoas, mesmo porque o jovem pouco deu a entender sobre os reais motivos que o levou a cometer tal ato hediondo.

      Luciana perdoou o filho, mas pouco compreendia sobre seu triste destino... O de jamais poder viver com o homem que amava.

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